Cirurgia de Retina: quais são os tipos, indicações e como funcionam os tratamentos

Cirurgia de Retina: quais são os tipos, indicações e como funcionam os tratamentos

A cirurgia de retina é um dos avanços mais notáveis da oftalmologia moderna. Indicada para corrigir ou tratar doenças que comprometem a retina, estrutura essencial responsável por captar as imagens e enviá-las ao cérebro, ela pode preservar e até recuperar a visão em situações que antes levavam à cegueira irreversível.

Pense na retina como a “película de uma câmera fotográfica”: é nela que a imagem é projetada. Se essa película sofre um rasgo, dobra ou mancha, a imagem captada fica distorcida, e é exatamente isso que acontece quando há uma doença ou descolamento de retina.

Felizmente, as técnicas cirúrgicas atuais permitem reconstruir essa “película natural do olho” com alta precisão, devolvendo nitidez e qualidade visual ao paciente.

Saiba mais sobre a retina no nosso guia completo sobre retina.

O que é a cirurgia de retina

A cirurgia de retina é um conjunto de procedimentos delicados realizados por oftalmologistas especializados em retina e vítreo. O objetivo é corrigir danos estruturais, remover hemorragias, tratar inflamações, restaurar o contato da retina com a parede do olho e impedir a progressão de doenças degenerativas.

O procedimento é feito com o auxílio de microscópios cirúrgicos, instrumentos ultrafinos e tecnologia de imagem de alta resolução, permitindo trabalhar em uma área extremamente sensível, o interior do olho humano, onde cada movimento requer precisão micrométrica.

Dependendo da causa, a cirurgia pode envolver a remoção do vítreo, o reposicionamento da retina, o uso de gases terapêuticos ou até injeções intraoculares de medicamentos.

🔍 Exemplo prático: em um paciente com diabetes que desenvolve retinopatia diabética proliferativa, pode ocorrer sangramento interno no olho (hemorragia vítrea). Nesses casos, a cirurgia de retina é fundamental para remover o sangue e aplicar laser terapêutico, impedindo que a visão se deteriore.

Quando a cirurgia de retina é indicada

A cirurgia de retina é indicada quando há riscos reais de perda visual ou quando os tratamentos clínicos (como colírios e laser) não são mais suficientes.
Veja as principais situações em que ela é recomendada:

  • Descolamento de retina: ocorre quando a retina se desprende da parede do olho, como um papel de parede que se descola da parede. É uma emergência oftalmológica e requer cirurgia imediata para recolocar a retina no lugar.
  • Buraco macular: abertura microscópica na área central da retina (mácula), responsável pela visão de detalhes. O paciente passa a enxergar uma mancha escura ou uma distorção no centro da visão.
  • Membrana epirretiniana: formação de um tecido fino e transparente sobre a retina, que “repuxa” a superfície e causa visão distorcida.
  • Retinopatia diabética avançada: provocada pelo diabetes descontrolado, leva ao crescimento de vasos anormais e sangramentos dentro do olho.
  • Hemorragia vítrea: quando o sangue invade o vítreo, bloqueando a passagem da luz até a retina.
  • Infecções ou inflamações intraoculares graves (endoftalmite): situações raras, mas que podem comprometer totalmente a visão se não forem tratadas rapidamente.

Em todas essas situações, o tempo é um fator determinante: quanto antes a cirurgia for feita, maior é a chance de preservar a visão.

Principais tipos de cirurgia de retina

Existem várias técnicas cirúrgicas utilizadas no tratamento de doenças retinianas. Cada uma é escolhida conforme o tipo e a gravidade do caso.

1. Fotocoagulação a Laser Retiniana

A fotocoagulação a laser retiniana é uma das cirurgias mais utilizadas no tratamento de doenças da retina, como a retinopatia diabética, as rupturas ou rasgos na retina e alguns tipos de edema macular. Nesse procedimento, o oftalmologista utiliza um feixe de laser de alta precisão para cauterizar pequenos vasos sanguíneos anormais ou selar áreas danificadas da retina, impedindo que o problema avance e preservando a visão do paciente.

Como é feita: a aplicação do laser é feita de forma rápida e ambulatorial, geralmente sob o uso de colírios anestésicos. O objetivo é evitar o acúmulo de líquido e a formação de novos vasos fragilizados, prevenindo complicações como o descolamento de retina e a perda severa da visão.

Indicações comuns:

  • Retinopatia diabética (para conter vazamentos e neovasos)
  • Rasgos ou buracos de retina (para prevenir descolamento)
  • Oclusões venosas da retina

Tempo de recuperação: rápido; o paciente vai pra casa no mesmo dia.

Após o procedimento, é comum que o paciente perceba visão embaçada ou pequenos pontos luminosos temporários, que desaparecem em poucos dias. Em alguns casos, o tratamento pode ser dividido em mais de uma sessão, conforme a gravidade da doença.

2. Vitrectomia posterior

A vitrectomia é o tipo mais comum de cirurgia de retina. Nela, o cirurgião remove o vítreo, uma substância gelatinosa que preenche o interior do olho, e o substitui por uma solução salina, gás ou óleo de silicone.

Isso permite ao especialista acessar a retina diretamente para reparar lesões, remover sangue, membranas ou realizar o tratamento a laser.

Quando é indicada: em casos de descolamento de retina, retinopatia diabética, buraco macular e membrana epirretiniana.

Imagine um globo de neve com um líquido turvo que impede de ver o que está dentro. A vitrectomia “limpa” esse conteúdo e restaura a transparência do olho.

3. Retinopexia pneumática

Nesse procedimento, o médico injeta uma pequena bolha de gás dentro do olho. Essa bolha pressiona a retina de volta ao seu lugar, enquanto o laser ou o frio (criopexia) é utilizado para “costura ou colar” a retina na parede ocular.

É um método menos invasivo e, em alguns casos, pode ser realizado em ambiente ambulatorial.

Quando é indicada: para descolamentos de retina pequenos e localizados.

O paciente precisa manter a cabeça em uma posição específica por alguns dias, para que a bolha exerça pressão no ponto certo.

4. Introflexão escleral (cerclagem)

Neste tipo de cirurgia, uma faixa de silicone é colocada ao redor do globo ocular, comprimindo-o levemente para aproximar a parede do olho da retina.
É uma técnica tradicional e muito eficaz, especialmente em pacientes jovens.

Quando é indicada: em casos de descolamento de retina por rasgos periféricos.

Curiosidade: a cerclagem pode ser comparada a um “cinto de segurança” para a retina, ela mantém tudo no lugar até a cicatrização completa.

5. Injeções intraoculares

Embora não sejam uma cirurgia clássica, as injeções intravítreas são procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, realizados dentro de ambiente apropriado para procedimentos.

O objetivo é aplicar medicamentos diretamente no olho, atingindo a retina com máxima eficácia.

Quando são indicadas: em casos de degeneração macular relacionada à idade (DMRI), retinopatia diabética e edema macular.

Exemplo: medicamentos como anti-VEGF são usados para impedir o crescimento de vasos anormais na retina e estabilizar a visão.

Como é o pré-operatório para uma cirurgia de retina

Antes da cirurgia, o paciente deverá passar por exames oftalmológicos e clínicos indicados pelo médico especialista em retina para planejar a melhor abordagem.

Entre os principais exames estão:

  • Mapeamento de retina: avalia toda a superfície da retina e identifica rasgos, degenerações e áreas de risco.
  • OCT (Tomografia de Coerência Óptica): mostra cortes em alta resolução da retina, permitindo ver detalhes microscópicos.
  • Retinografia digital: registra imagens coloridas da retina para documentação e acompanhamento.

👉 Veja nosso artigo completo com tudo sobre exames de retina.

Além disso, o oftalmologista orienta sobre jejum, uso de medicamentos e cuidados antes da anestesia.

A cirurgia é geralmente feita com anestesia local e sedação leve, e o tempo de duração varia de 30 minutos a 2 horas.

Cuidados após a cirurgia de retina

O sucesso da cirurgia depende muito do pós-operatório. Após o procedimento, o paciente deve seguir cuidadosamente as orientações médicas, que incluem:

  • Evitar esforços físicos e abaixar a cabeça por alguns dias.
  • Usar colírios antibióticos e anti-inflamatórios conforme prescrito.
  • Não coçar nem pressionar o olho operado.
  • Comparecer às consultas de acompanhamento.
  • Se houver gás intraocular, evitar viagens de avião ou grandes altitudes até o médico liberar.

💡 Dica: manter uma boa alimentação, controlar o diabetes e usar óculos escuros na rua ajuda na recuperação e conforto visual.

Riscos e possíveis complicações

A cirurgia de retina é segura, mas como todo procedimento cirúrgico, pode apresentar alguns riscos, como:

  • Infecção ocular (endoftalmite)
  • Aumento da pressão intraocular
  • Hemorragias
  • Formação de catarata secundária
  • Recidiva do descolamento de retina

A boa notícia é que com técnicas modernas e acompanhamento regular, a taxa de sucesso é muito alta, principalmente quando a cirurgia é feita precocemente.

FAQ – Perguntas frequentes sobre cirurgia de retina

1. A cirurgia de retina dói?
Não, pois é realizada com anestesia local e sedação leve. Após o procedimento, pode haver um leve desconforto, mas é controlado com medicamentos e colírios.

2. Quanto tempo leva para recuperar a visão?
Depende do tipo de cirurgia e da gravidade da doença. A melhora costuma ocorrer entre 4 e 12 semanas, e em alguns casos continua evoluindo por meses.

3. Posso voltar a dirigir logo após a cirurgia?
É importante esperar até que o oftalmologista confirme que a visão está segura para dirigir,  geralmente após algumas semanas.

4. É possível perder a visão mesmo após a cirurgia?
Em casos muito avançados, pode haver perda parcial, mas quanto mais cedo for feito o tratamento, maiores são as chances de preservar a visão.

5. A cirurgia de retina é definitiva?
Na maioria dos casos, sim. No entanto, em situações de descolamento recorrente ou doenças progressivas, pode ser necessário novo procedimento no futuro.

Conclusão 

A cirurgia de retina é uma verdadeira aliada da visão. Com tecnologia avançada, preparo especializado e acompanhamento adequado, é possível salvar e restaurar a visão de pacientes com doenças oculares graves.

Se você notar alterações na visão, como manchas, linhas tortas ou áreas escuras, procure um oftalmologista o quanto antes.👁️ Agende sua avaliação com a Drª Denise Barcellos, oftalmologista especialista em retina em Vila Velha (ES), e garanta um atendimento completo e personalizado para a saúde dos seus olhos.

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Denise Câmara Barcellos
Denise Câmara Barcellos

Médica Oftalmologista | CRM-ES 8263. Especialidade em Oftalmologia Geral e Subespecialidade oftalmológica em Retina Clínica e Cirúrgica, com atendimento, resolutividade e orientação para todos os casos de doenças oculares. Atua na CORE Clínica de Olhos e Retina.

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